MARIA, MÃE de DEUS e do PURO AMOR
- Alan Dionizio Carneiro
- 7 de dez. de 2016
- 4 min de leitura

“Sou a mãe do puro amor, do temor (de Deus), da ciência e da santa esperança, em mim se acha toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude.” (Eclo 24, 24s).
Maria, Mãe de Deus. Deus nos supera em tudo. Porque quando hoje pensamos em um belo título para honrar e agradecer a mulher que deu à luz Jesus Cristo; Ele, o próprio Jesus, que tudo no amor faz primeiro do que nós, não perdeu tempo e chamou a esta pobre e bela mulher de Mãe.
De fato, recordemos a quantidade de imagens que procuram representar a pessoa de Maria. Em quantas dessas imagens, Maria não segura seu Filho? Na vida, na história e na arte, o título maior de Maria é Mãe de Deus.
“Deus podia ter criado um mundo mais belo, mas não poderia ter dado vida a uma criatura mais bela do que Maria” (São João Maria Vianney).
Chamando-a Mãe de Deus, foi-lhe dada toda a honra; ninguém pode dizer dela, ou a ela, algo de mais sublime, ainda que tivesse tantas línguas quantas são as folhas de relva, as estrelas do céu e a areia da praia. Também nosso coração deve refletir sobre o que significa ser Mãe de Deus.” (M. Lutero).

Todavia, o título Mãe de Deus é emblemático, ou seja, contém o maior mistério de Maria e da pessoa de Jesus. Este mistério, para a razão é irrealizável, um paradoxo. Quem vem primeiro o ovo ou a galinha? Como pode Maria ser Mãe de Deus se veio depois dele e se é criatura de Deus? Talvez esta resposta pudesse ser dada de forma igual à proposta pela devoção popular, contida nos adesivos dos carros: “quando Deus quer é assim!”.
I.Theotokos
Maria como ‘Mãe de Deus’, na expressão grega, ‘theotokos’, é uma verdade feminina, da mulher e sobre a mulher para a Igreja, por isso, é uma verdade que vem primeiro pela emoção e pelo coração até convencer a razão. E o coração tem sua força própria, já dizia o filósofo Pascal, sempre presente nas agendas das adolescentes: “O coração tem suas próprias razões, que a própria razão desconhece.”. Esta verdade sobre Maria, ser Mãe de Deus, é importante por demais para entendermos o mistério de Jesus, a tal ponto que não pode um cristão seguir fielmente os passos de Jesus sem aceitar esta verdade sobre Maria.
“Para sermos cristãos, devemos ser marianos.” (Papa Paulo VI).

Antes de prosseguir com a catequese sobre a Mãe de Deus, gostaria de esclarecer o significado do nome ‘Maria’, através das palavras de Dom Murilo Krieger (p.26): “Não há unanimidade a respeito da origem do nome Maria. Há os que afirmam ser de origem hebraica: Miryam, Miriam, significando senhora. Para outros, seria de origem egípcia (Mryt) e quer dizer a amada de Deus. Do egipiciano Mryt teria evoluído para Miryamu, em ugarítico (da cidade de Ugarit, na Síria); para Miryam, em hebraico; para Máriam, em grego; e para Maria, em latim.”.
De forma simples Boff (2003, p. 22) explica que Maria é um nome misto, “cuja raiz egípicia mri quer dizer amada, querida, preferida; e cuja desinência hebraica ya é naturalmente a abreviação de Yahweh.[...]. Em nosso caso, Maria significaria Amada de Javé”.
Por que o nome de Maria é tão importante? Porque ele nos dá a pista sobre quem é a pessoa de Maria, sua missão e sua relação especial com Deus.

“Quem procura a graça, a encontrará certamente nas mãos de Maria.” (Sto. Afonso de Ligório).
Já que nossa proposta é refletir sobre o título ‘Mãe de Deus’. Vamos aos primeiros passos. Este título é declarado diretamente nas Sagradas Escrituras, pela primeira vez, por Isabel, na ocasião da visita de Maria à sua parenta, afinal foi ela quem disse: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? (Cf. Lc 1,43)”.

A beleza desse mistério é trazida por uma releitura do texto de 1Rs 8,27 no Ofício Divino: “Virgem Santa e Imaculada, não sei com que louvores engrandecer-vos, pois Aquele que os céus não puderam conter o encerrastes em vosso ventre”.
Bem, à época dos primeiros cristãos, não muito distante de alguns hereges atuais dignos de seitas, discutiam sobre a amplitude do termo Mãe de Deus, afinal Deus é Uno e Trino, e Maria é só Mãe de Jesus; também diziam que Maria era Mãe apenas do corpo de Jesus.
1. Ora, é claro que a carne de Jesus é integralmente a carne de Maria, já que Jesus nasceu por partenogênese, em outras palavras, sem o sêmen masculino. Além disso, o Jesus nasceu de Maria, e não, em Maria, exaltando a participação de Maria e a íntima e especialíssima relação de Jesus com Maria.

2. Também, não conheço nenhuma mãe sendo parabenizada, quando do nascimento de seu filho, com a seguinte saudação: ‘Parabéns pela carne de seu filho, porque a alma é Deus quem dá!’. Ridículo. O ser humano é humano por inteiro, sem distinção. Jesus não é ora homem ora Deus, portanto, ser mãe do menino-Deus é ser Mãe de Deus, pois não há o que separar em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Referências:
BOFF, Fr. Clodovis. Maria no Novo Testamento. In.: Congresso Mariano: “Contemplar Cristo com os Olhos de Maria”. João Pessoa: Arquidiocese da Paraíba, 2003.
BOFF, Fr. Clodovis. Mariologia Social: o significado da Virgem para a Sociedade. São Paulo: Paulus, 2009.
CANTALAMESSA, Raniero. Maria: um espelho para a Igreja. São Paulo: Santuário, 2008.
KRIEGER, Dom Murilo S.R. Com Maria, a Mãe de Jesus. São Paulo: Paulinas, 2002.
LIGÓRIO, Santo Afonso. Glórias de Maria. São Paulo: Santuário, 2001.
MONTFORT, São Luís Maria Grinion de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Vozes, 2008.
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