A Santidade de Maria (parte 01)
- Alan Dionizio (Catequista leigo católico)
- 8 de dez. de 2016
- 3 min de leitura

Tudo é graça. (Sta. Teresa de Lisieux)
É interessante que embora haja poucos relatos sobre a pessoa específica de Maria, estes foram suficientes para motivarem uma devoção grandiosa sobre Ela, e que a honram como aquela que mais foi elevada aos olhos de Deus, depois de Jesus Cristo. É fato que os poucos (quantidade) textos bíblicos nada tem a ver com a importância da pessoa de Maria, pois os textos visam a Boa Nova que é o Reino dos Céus, o próprio Jesus Cristo.
Como temos visto, existem quatro linhas pelas quais flui toda esta devoção cristã relacionado à Maria: Maria como Mãe de Deus; Maria, a virgem sempiterna; Maria, a Imaculada Conceição; Maria, assunta aos céus. Em tudo, em cada mistério, Maria exalta seu filho, Jesus, o Emanuel, o santo dos santos.
Assim, em que reside toda a santidade de Maria? Na graça do Espírito Santo derramada por Deus Pai em favor de seu Filho Jesus Cristo.
Feliz aquele cuja iniqüidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argui de falta, e em cujo coração não há dolo. Sl 31, 1s.
Para os cristãos protestantes, Maria não é santa, pois só Jesus Cristo o é. Para os cristãos ortodoxos, Maria foi santa, imaculada, a partir do seu ‘sim’ (Lc 1, 38).
Para nós, católicos apostólicos romanos, a santidade de Maria é perpétua, não por seu mérito, nem apenas por ser a escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus, mas por graça divina, dom, dádiva de Deus. Isto deveria bastar para nós, afinal, será que Deus precisa justificar o porquê e a quem derrama suas bênçãos? Não é o Espírito que sopra onde quer? (Cf. Jo 3,8).
Talvez a própria Maria nos dê um puxão de orelha em resposta: ela nos ensina que somos servos de Deus (Lc 1) e a fazer o que Ele disser (Jo 2). Portanto, não dizemos o que Deus tem de fazer e em quem derramar suas graças. Afinal, não é Deus quem tem de dar conta de seus atos.
No entanto, podemos nos encantar, enriquecer nossa fé, nossa esperança e nosso amor a Deus, olhando para doutrina católica da Imaculada Conceição, a qual relata que Maria foi isenta da condição do pecado original (sem mácula, sem mancha) e que em toda a sua vida, nunca realizou um ato contrário à vontade Deus, permanecendo assim em sua vida gloriosa.

Diferentemente dos cristãos protestantes, o mandamento de ser imitador de Cristo (1 Cor 11,1) não constitui uma obrigação em atos, isto é, falar, comer, perdoar, amar apenas porque Jesus fazia (Lv 11,44; 1 Pd 1,15s; Hb 12, 14; Mt 5, 48). Realizar estas ações implica mudar nossa vida, o que significa também gozar dos privilégios e das graças que a vida nova em Cristo nos proporciona (Cf.: Mt 5, 3-12). Por isto, para a doutrina católica, Maria firma que este convite é real, autêntico e possível de sermos santos para qualquer seguidor de Cristo.
“A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo (1 Pd 1,15s).”
Para os ortodoxos, este privilégio de Maria (ser imaculada) parece injusto ou uma contradição já que a doutrina do pecado original afirma que todos nascem em pecado (Rm 5, 12-21) e que, portanto, após a descida do Espírito Santo sobre Maria e sua fecundação, o Cordeiro de Deus redimiu Maria, apagando-lhe o pecado original.
I. No princípio era a Graça de Deus:
Para os católicos, em Maria, convergem todas as graças de Deus, como primícias daquilo que nos está preparado nos céus. Com efeito, a bíblia menciona que Deus nos amou primeiro (1Jo 4,4) e que nos ama desde o ventre materno (Cf. Jr 1, 5). Portanto, a certeza de que Maria nasceu sem o pecado original, é a certeza de que “no princípio era a Graça”, anterior ao pecado.
E este mérito é de Cristo em Maria, não por ser seu filho, mas porque Jesus Cristo a todos redimiu do pecado, e para todos reabriu as portas do paraíso. A ENCARNAÇÃO não depende do pecado humano, mas do amor divino.
“Em suma, a imaculada Conceição proclama, apesar das aparências, que o Amor nunca é perdedor.” (Fr. Clodovis Boff).
Vejamos um pouco mais na parte 02 em continuação a este post.
Referências:
AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz (Org.). A Virgem Maria: 58 Catequeses do Papa João Paulo II sobre Nossa senhora. 3 ed. Lorena: Cléofas, 2003.
BOFF, Fr. Clodovis. Mariologia Social: o significado da Virgem para a Sociedade. São Paulo: Paulus, 2009.
MONTFORT, S.L.M.G. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Vozes, 2008.
תגובות