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A Santidade de Maria (parte 02)

  • Alan Dionizio (catequista leigo católico)
  • 8 de dez. de 2016
  • 5 min de leitura

“Dai-me, Senhor, uma fé animada pela Caridade, que me faça viver conforme a vossa palavra. [...]. Portanto, concedei-me, ó Deus, pelas mãos de Maria, não os milagres que os santos fazem, mas a fé que fazem os santos!”. (Livro Imitação de Maria).


O frei Clodovis Boff ainda nos recorda outras lições da Imaculada Conceição:


II. Tudo tem solução.


Nada é absolutamente irreversível, nem ninguém é irrecuperável, pois a graça de Deus antecede todo o mal e que a união com Deus é anterior a qualquer divisão no mundo. Assim, com a graça curativa de Deus, tudo muda.


III. O poder radical da redenção de Cristo


A “restauração” em Cristo é “mais maravilhosa” que a criação.

“Essa não foi apenas um ‘conserto’, mas uma ‘recriação’, uma nova partida. É como o passado ‘passado a limpo’”.

O ser humano renovado continua a carregar suas cicatrizes: recorde-se a luta de Jacó com o anjo (Gn 32,32).


IV. Um mundo novo requer um coração novo, com coragem de entregar-se à graça de Deus.


Para que o mundo tenha sentido e salvação é preciso que o coração humano seja novo, por isso Deus toca e transforma primeiro este coração para que ele seja capaz de viver uma vida nova.

A dificuldade de amar e se abrir ao outro está no coração humano. É necessário tocar/trocar o coração humano.


“Mas isso só é possível como obra sanante da graça. Como o Espírito ‘plasmou’ inteiramente Maria (cf. LG 56), só ele pode plasmar o ‘novo homem’, dando-lhe um ‘espírito novo’ e um ‘coração novo’ (Cf. Ez 36,26).”(BOFF, 2009, p.511).


“O coração humano aspira à transparência total, à pureza da mente e do corpo. Ora, Maria é a Toda-Pura. Mas a sua não é uma pureza ingênua, mas de quem enfrentou o dragão e lhe esmagou a cabeça. Pois há de se entender a Imaculada no horizonte maior da Toda-Santa, ou seja, daquela que é santa não só por um dom radical do Alto, mas também por um profundo combate íntimo que travou durante todo o curso de sua vida contra as forças do Maligno que contra Ela se lançaram (Cf. Gn 3,15).” (BOFF, 2009).


V. Maria, modelo de fé e santidade


Ademais, quando Maria, por sua vida virtuosa, manteve-se longe do pecar, permanecendo agraciada e imaculada, ela mostra que o poder de Deus, sua graça, não se corrompe nem se deixa corromper.


Deus nunca oferece menos que a Si mesmo. (Sto. Agostinho)

O meu passado já não me preocupa; pertence à misericórdia divina. O meu futuro ainda não me preocupa; pertence à providência divina. O que me preocupa e me desafia é o hoje, que pertence à graça de Deus e à entrega do meu coração, da minha boa vontade. (S. Francisco de Sales)

O Senhor não exige de nós grandes feitos, mas apenas entrega e gratidão. Ele não necessita das nossas obras, mas apenas do nosso amor. (Sta. Teresa de Lisieux)

A santidade não é um luxo de umas poucas pessoas, mas um simples dever para ti e para mim. (Beata Madre Teresa de Calcutá)


VI. A Santidade de Maria frente a Concupiscência Humana


“A concupiscência é como um declive que, se não leva fatalmente à queda, pode, contudo, facilmente provocá-la.” (BOFF, 2009, p.430).


VI.1 - Pela preservação do pecado, Maria é menos humana do que nós, católicos atuais?


“Ela é ‘toda santa, imune de toda mancha de pecado, como que plasmada pelo Espírito Santo’ (LG 56). [...]. Não é porque foi isenta de todo pecado que ela é menos humana. Pelo contrário, longe de nos humanizar, é força que desumaniza, pois o pecado, longe de nos humanizar, é força que desumaniza, desequilibrando e desagregando. D’Ela bem disse o ‘Catecismo holandês’: ‘Irmã nossa no sofrimento, não o é no mal’.” (BOFF, 2009, p.426).


VI.2 - Para Ela também a vontade de Deus não foi fácil. Recordemos a espada que Lhe transpassa a alma (Lc 2,35).


“Também para Ela a vida foi uma luta. Contudo, a graça foi n’Ela sempre e totalmente vitoriosa, de modo que Lhe permitiu integrar e transfigurar os sentidos já em seus “primeiros movimentos”.” (BOFF, 2009, p.426).


VI.3 – Qual a diferença entre nós e Maria Santíssima?


“E , contudo, permanece sempre uma diferença capital entre Maria Santíssima e nós: Ela nunca anuiu às seduções do Mal. Embora pudesse ter cedido, Ela de fato resistiu e venceu. “Podia transgredir a lei e não transgrediu, podia fazer o mal e não o fez” (Sr 31,10). De todas as tentações, Ela, como Jesus, emergiu vitoriosa.”. (BOFF, 2009, p. 432).


Mas nem por isso é uma figura estranha, inalcançável e, portanto, inimitável. Não, para nós, imperfeitos, Ela é a medida da viva perfeição. E é de uma medida assim que precisamos para podermos crescer emocional e espiritualmente. Ela representa a realização plena do que nossa alma deseja no mais profundo de si mesma. Entre nós e Ela existe uma identificação secreta, que se revela em nossos sonhos mais altos, em nossas decisões mais acertadas e em nosso destino derradeiro.” (BOFF, 2009, p.438).



VII. PARA REFLETIR: POR QUE DEVEMOS RECORRER À IMACULADA CONCEIÇÃO?


Como lembra S. Luís Maria de Montfort, a graça não falta a ninguém, falta humildade. “Temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós (2 Cor 4,7).”.


Termino e resumo nossa catequese com as palavras de S. Luís Maria de Montfort:


“Transformação das almas em Maria à imagem de Jesus Cristo

218. 6º Se Maria, que é a árvore da vida, for bem cultivada em nossa alma pela fidelidade às práticas desta devoção, ela dará fruto em seu tempo; e seu fruto não é outro senão Jesus Cristo. Vejo tantos devotos e devotas que buscam Jesus Cristo, estes por uma via e uma prática, aqueles por outra; e muitas vezes depois de muito labutar durante a noite, podem dizer: “Trabalhando a noite inteira, nada apanhamos” (Lc 5,5). E pode-se responder-lhes: muito trabalhastes e pouco ganhastes. Jesus Cristo está ainda muito fraco em vós.


Mas pelo caminho imaculado de Maria e por esta prática divina que ensino, trabalha-se durante o dia, trabalha-se num lugar santo, trabalha-se pouco. Em Maria não há noite, pois ela jamais pecou, nem teve sequer a sombra dum pecado. Maria é um lugar santo, o Santo dos santos, em que se formam e modelam os santos.


219. Notai, se vos apraz, que eu digo que os santos são moldados em Maria. Há grande diferença entre executar uma figura em relevo, a martelo e a cinzel, e executá-la por um molde. Os escultores e estatutários tem de esforçar-se muito para fazer uma figura da primeira maneira, e gastam muito tempo; mas, da segunda maneira, trabalham pouco e terminam em pouco tempo.”



Referências:

AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz (Org.). A Virgem Maria: 58 Catequeses do Papa João Paulo II sobre Nossa senhora. 3 ed. Lorena: Cléofas, 2003.

BOFF, Fr. Clodovis. Mariologia Social: o significado da Virgem para a Sociedade. São Paulo: Paulus, 2009.

MONTFORT, S.L.M.G. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Vozes, 2008.


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Catequista leigo católico

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