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A Virgem Maria, Flor Do Alto (parte 01)

  • Foto do escritor: Alan Dionizio Carneiro
    Alan Dionizio Carneiro
  • 8 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

Em algumas regiões de nosso Brasil, em especial, no nosso amado Nordeste, as pessoas sabiam conhecer-se, de modo que quando eram apresentadas umas as outras, a primeira pergunta que faziam após se cumprimentarem era: ‘qual a sua graça?’. E, então, cada um declarava seu nome. Assim, nosso nome tornava-se sinal de individualidade, de identidade, de beleza e de dádiva divina. Por isso, não canso de repetir como o menino-Deus chamou a sua mãe: Maria, ou seja, a amada de Deus.


Maria é a sempre virgem, ou melhor, a virgem sempiterna. Segundo S. Luís Maria Montfort, santo que vem nos ajudando nas formações marianas:

“Maria é a fonte selada e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só ele pode entrar. [...]. Maria Santíssima é o paraíso terrestre do novo Adão, no qual este se encarnou por obra do Espírito Santo, para aí operar maravilhas incomensuráveis (p.19).”

Esse texto não se destina a explicar os fundamentos bíblicos do dogma da virgindade perpétua de Maria, pois trabalhamos um pouco o tema em material anterior, mas compreender um pouco sobre o significado e o valor desta verdade em relação à Cristo e à Igreja.


A maternidade virginal de Maria (ela concebe e dá a luz) é um mistério emblemático eminentemente centrado na pessoa de Cristo. A virgindade de Maria é fecunda, além de significar um carisma e uma opção por este modo específico de viver a sexualidade.

A virgindade de Maria é uma abstenção voluntária, ou seja, é antes de tudo, uma decisão e jamais uma aversão ao sexo e à família.


Segundo Fr. Clodovis Boff, A virgindade de Maria recorda cinco caminhos possíveis pelos quais se compreender esta verdade: 1. Mulher, senhora de si; 2. Mulher disponível e geradora de nova vida; 3. Mulher, modelo de fidelidade; 4. Símbolo da natureza inviolada; 5. Modelo da comunhão com Deus.


1. Maria, senhora de si


Fr. Clodovis Boff recorda que Maria é como uma flor que desabrocha no alto da montanha, totalmente entregue à montanha.

Na narração bíblica de Lc 1, Maria toma uma decisão importantíssima sem consultar alguém, qual seja pelo menos o noivo, tampouco parece ter comunicado o fato ao noivo (Mt 1). Essa independência não é arrogância, ao contrário mostra a autenticidade de Maria que se sente e se reconhece como responsável perante Deus. De nossas escolhas e nossos caminhos, prestamos contas a Deus, primeiramente.


“Virgem é quem se move a partir de dentro e não a partir de fora. É quem se basta a si mesmo, sem ter a necessidade compulsiva do outro. Virgindade é definir-se a partir do próprio eu, e não pelas relações do outro ou pelas relações com o outro. Virgem é a figura de quem se possui, é dono de si se contém” (BOFF, p. 481).


2. Mulher disponível e geradora de nova vida


A virgindade de Maria é uma demonstração de sua autonomia; sua virgindade não é um fechar-se em si mesma, ao contrário é abertura, disponibilidade que se torna, em Deus, fecunda.

Nesse cenário de autonomia, Maria muda a concepção bíblica transformando a virgindade em sinal de benção. Antes era esterilidade em função do casamento e maldição, sinônimo de impotência, fraqueza e infrutuosidade como mostra o trecho abaixo de Jz 11,37:


“Concede-me somente isto: Deixa-me que vá sobre as colinas durante dois meses, para chorar a minha virgindade com as minhas amigas”.


A dádiva da virgindade de Maria também é o cumprimento da sabedoria e da pedagogia divinas que distante das razões humanas que, afinal, respondem ao questionamento: por que escolher uma virgem para ser mãe de Jesus?


“O que é estulto no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os fortes; e o que é vil e desprezível no mundo, Deus o escolheu, como também aquelas coisas que nada são, para destruir as que são.” (1 Cor 1,27s).


Como em Lc 1,35 é o poder do Altíssimo, o Espírito Santo, que confunde o sábio e transforma o deserto em fecundidade, retira água do rochedo e ressuscita os mortos e é espaço para a vida nova. Assim, do povo pobre, humilde, fraco e oprimido, Deus faz gerar a libertação e a vida.


A virgindade de Maria, expressão da fragilidade, vulnerabilidade e impotência humanas revelam a aparente pequenez da oferta de Maria, ou seja, sua humildade. Ela nada pode entregar a Deus senão sua infertilidade. Eis a matéria necessária ao agir de Deus.


A humilde de Maria revela também que sua virgindade vai sempre unida ao amor e à disponibilidade para o serviço, bases estas do ministério sacerdotal, do sacramento da Ordem, e por isto, do celibato presbiteral.


Continuaremos na parte 02 deste post.



Referência:

BOFF, Fr. Clodovis. Mariologia Social: o significado da Virgem para a Sociedade. São Paulo: Paulus, 2009.

MONTFORT, São Luís Maria Grinion de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Vozes, 2008.

SÃO JERÔNIMO. Catequese: A virgindade perpétua de Maria. Disponível em: <http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=772> Acesso em 15 de jan 2003.


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