Virgindade Perpétua de Maria (parte 01)
- Alan Dionizio (catequista leigo católico)
- 8 de dez. de 2016
- 3 min de leitura

“O Senhor disse-me: Este pórtico ficará fechado. Ninguém o abrirá, ninguém aí passará, porque o Senhor, Deus de Israel, aí passou; ele permanecerá fechado.” (Ez 44,2).
Pobre Maria, até sua vida íntima é questionada e colocada à prova. Mas, como Senhora de Fé que nada tem a esconder, Maria revela, pelo Mistério de sua virgindade, como aproximar-se mais de Cristo.
Contudo, adianto, Mistério. Por mais que se busque explicar o mistério da virgindade de Maria, nunca se poderá compreender por completo. Por quê? Porque é um mistério do Amor e o amor nunca se esgota nem tampouco pode ser compreendido plenamente pelas lentes da razão.
A tradição, a partir de St. Agostinho, ensina numa frase tudo que aqui tentaremos debater:
“A Virgem foi virgem antes, durante e depois do parto.”
FUNDAMENTOS BÍBLICOS E DA TRADIÇÃO SOBRE a virgindade de Maria
1. A Virgem foi virgem ANTES do parto
O Evangelho de Mateus 1, recorda a profecia de Is 7,14 que diz “uma virgem conceberá e dará a luz um filho e será chamado Emanuel.” O mesmo capítulo de Mateus traz na narração da concepção de Jesus que a virgindade de Maria é referenciada 4 vezes, versículos 18, 20, 23 e 25, reforçando que esta virgindade é integral.
18 Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.
20 Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
23 Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco.
25 E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus. (Mt 1, 18.20.23.25).
Os dois primeiros versículos além de confirmarem a profecia do profeta Isaías (Cf. Is 7,14), atestam que Maria, noiva, prometida a José, ficou grávida antes de os dois (Maria e José) manterem relações conjugais. Recordo ainda que, segundo as leis do antigo testamento, caso isto houvesse ocorrido, Maria poderia ser apedrejada (Cf. Dt 22, 23.28). Este é um dos motivos para José pensar em repudiá-la em silêncio (Cf. Mt 1,19).
São Jerônimo ainda menciona que ao preservar a integridade de Maria, evitando que as pessoas que soubessem da gravidez miraculosa de Jesus, difamassem Maria, José assume a responsabilidade pela criação e educação de Jesus, por isso, Maria e os evangelistas confessam nas Escrituras José como Pai.
Além disso, recorda São Jerônimo que a expressão “antes que coabitassem” (Mt 1,18) só é valida para o passado, não significando ordem fixa no tempo. Por exemplo: “Eu escrevi este texto antes de ir para a Rússia.”. Embora deseje um dia apreciar a Europa, exceto que a passagem aérea esteja por R$1,99, preferirei ir à Roma. Mas algo é certo na frase acima: não viajei à Rússia desde que nasci.
Sendo assim, conclui-se a partir da narração bíblica que Maria não teve relações sexuais no período anterior ao nascimento de Jesus.
Alguém perguntará: E depois de casada com José e do nascimento de Jesus, Maria não possuía obrigações de esposa, tendo relações sexuais com José e tendo filhos, afinal, todo filho é uma dádiva divina?
Continuamos no Post Parte 02.
Referências:
BITTENCOURT, Dom Estevão. Dores de parto. Janeiro/1999. Disponível em: <http://www.materecclesiae.com.br/em69.htm>. Acesso em 12 de mai 2012.
COLANGES, Fustel. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
MONTFORT, São Luís Maria Grinion de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Vozes, 2008.
SÃO JERÔNIMO. Catequese: A virgindade perpétua de Maria. Disponível em: <http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=772> Acesso em 15 de jan 2003.
VATICANO. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
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