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CONVERSAS SOBRE OS SACRAMENTOS: A ORIGEM

  • Alan Dionizio (catequista leigo católico)
  • 17 de dez. de 2016
  • 4 min de leitura

“O que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos” (São Leão Magno).

A vida de um cristão católico é marcada por vários momentos e acontecimentos que realizam e significam suas propostas e compromissos para com Cristo e o próprio Cristo.


Os sacramentos são tão importantes que o Catecismo da Igreja Católica reserva uma quarta parte de seus ensinamentos para tratar dos sacramentos. Na vida social também. Adoramos comemorar os sacramentos, de modo que com alguns ficamos até ansiosos para celebrar. Interessante é que pessoas que não são atuantes em sua confissão de fé católica, desejam a beleza dos sacramentos – claro que como a fé é claudicante, os olhos para a graça do sacramento também podem ser falhos.


Vejamos, por exemplo: homens e mulheres sonham com o casamento, dedicam boa parte de seus rendimentos ao evento social; as crianças devem receber roupas brancas, novas, preferencialmente, bordadas, feitas por costureiras profissionais, tudo para serem batizadas. Na última infância, os flashes das máquinas fotográficas são programados para a Primeira Comunhão; na adolescência, ainda hoje, descobre a Crisma; na vida adulta, alguns tem o privilégio de ter um filho entregue ao sacerdócio pela Ordem. Durante nossa vida, nem sempre somos fiéis a Deus, por isso, muitos procuram arrependidos a Reconciliação através da Confissão e alegram seus corações; e, ao término da jornada terrestre, alguns ainda temem o sacramento da Unção dos Enfermos, que muito tempo foi recordado apenas como Extrema Unção.


Assim, os sacramentos na experiência cristã e na sociedade, celebram também toda nossa trajetória de vida.


Mas o que são os Sacramentos?


“Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos e concedida a vida divina.” (Compêndio de Bento XVI, §224).

“1084. [...] Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações), acessíveis à nossa humanidade atual. Realizam eficazmente a graça que significam, em virtude da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo.” (Catecismo da Igreja Católica).


E quantos são os Sacramentos?


“[...] São sete: o Batismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos enfermos, a Ordem e o Matrimônio.” (Compêndio de Bento XVI, §224).


A DOUTRINA DOS SACRAMENTOS: NOS PASSOS DOS PRIMEIROS CRISTÃOS


A Igreja confessa que os sacramentos são necessários para a nossa Salvação. E é interessante perceber que não encontramos a palavra ‘sacramento’ na Bíblia, assim como, os cristãos protestantes, pós Idade Média, parecem ter retirado tal palavra de sua liturgia – apenas a palavra, pois divergências em torno da doutrina dos sacramentos permanecem –.


Com isto, ‘sacramento’ parece ter se tornado um elemento dos católicos romanos e ortodoxos. Entretanto, a preocupação em examinar como os sacramentos manifestam e atualizam os mistérios de Cristo é uma característica mais dos católicos ocidentais; os orientais, confessam esse dom, e vivem dele, mas não têm forçosamente o desejo de analisá-lo.


Portanto, é nosso objetivo nesse texto conversar sobre o testemunho da Igreja antiga e compreender a identidade dos sacramentos. Contudo é importante destacar que uma doutrina sistemática em torno dos sacramentos desenvolve-se a partir do século XII.


O EXEMPLO DE PENTECOSTES: recordar é viver


No começo da evangelização da Igreja a partir dos testemunhos dos apóstolos e das primeiras comunidades cristãs, os sacramentos marcam a união deste grupo.


At 2, 42: Mostravam-se assíduos ao ensino dos Apóstolos, fiéis à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações.

É fato que os ritos dos sacramentos vão se desenvolvendo gradativamente, assim como, seu número de 7 (sete).


“Desde Pentecostes, vemos emergir dois ritos principais estruturando a comunidade: o batismo, de um lado (At 2, 38.41; 8,12.13.16.38; 9, 18; 10,47.48; 16,15.33; 18,8; 19,3-5; 22,16) e, por outro lado, a ‘fração do pão’ (At 2, 42), termo usual para designar a partilha eucarística. [...] Vê-se igualmente outros ritos emergirem progressivamente na vida das comunidades do Novo Testamento: por exemplo as unções e a imposição das mãos, significando a invocação e o dom do Espírito Santo em vista de diferentes efeitos – primeiro a conclusão do batismo, mais tarde a investidura no ministério. Também a questão do perdão dos pecados é logo levantada” (SESBOÜÉ; BOURGEOIS; TIHON, 2005, p. 32).


Segundo os autores acima, essas comunidades não inventaram os sacramentos, ao contrário, elas acreditavam obedecer ao exemplo e à ordem do Senhor como é o que ocorre, por exemplo, com o Batismo e com a Eucaristia (fração do pão):


Mt 28, 18-20: Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.

1 Cor 11, 23s: Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim.

Sendo assim, as primeiras comunidades compreendem que os ritos (sacramentos) estão inteiramente fundamentados em Cristo e seus ensinamentos, bem como é Ele mesmo o fundador do sacramento. As primeiras comunidades descobriram que Cristo é a razão de ser dos sacramentos; e, que os sacramentos recordam a companhia de Cristo em toda a nossa vida.


Neste sentido, convido-os a todos rezarem e refletirem um trecho da Oração Eucarística V, tornada canção por Pe. Zezinho:

“Senhor, vós que sempre quiseste ficar

Muito perto de nós

Vivendo conosco no Cristo

Falando conosco por ele

Mandai vosso Espírito Santo de amor

Mandai vosso Espírito Santo”.

 

Referências:

SESBOÜÉ, B.; BOURGEOIS, H.; TIHON, P. História dos dogmas: Os sinais da salvação. v.3. São Paulo: Loyola, 2005.

VATICANO. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.


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