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CULTO ÀS IMAGENS: prato à moda da casa

  • ​Alan Dionizio (catequista leigo católico)
  • 17 de dez. de 2016
  • 5 min de leitura

Algumas vezes, Igrejas Católicas sofreram um triste incidente, uma ofensa à fé que professamos, um de nossos templos foi vilipendiado: um malfeitor entrou na igreja e quebrou as imagens dos santos contidos nela.


Se não um louco, um fanático religioso não-católico. Não consigo compreender alguém, fora dessas duas circunstâncias, capaz de tal feito.


Contudo, Deus e a Igreja nos ensinam que Deus se revela também através dos fatos, da história, porquanto, deste evento, tomamos a curiosidade pela defesa do culto às imagens e da fé. Jerusalém, quando teve seu templo destruído e a Arca da Aliança que guardavam o maior sinal de Deus na terra, que eram as tábuas dos 10 mandamentos, também se entristeceram, mas Deus lhes deu um espírito novo (Cf.: Jr; Ez 36,26).


O homem e suas imagens


Vivemos no presente, mas nossa mente constantemente nos recorda o passado e faz-nos imaginar o futuro. Aliás, o que seria a vida sem imaginação, sem a possibilidade de criar imagens e de enxergar de forma diferente, as realidades do dia-a-dia: sem esta capacidade, não haveria paquera, encantamento, nem muito menos amor, pois nunca conseguiríamos imaginar pela maneira que o outro nos olha que isto é sinônimo de amor.


Quando nos apaixonamos, mudamos nossas roupas, colocamos novos perfumes, somos solícitos ao extremo, porque queremos uma nova imagem que revele o melhor que podemos ser interiormente. Sem imaginação, o amor nunca poderia ser traduzido em palavras ou em figuras de coraçõezinhos; o amor não seria eterno se não fosse nossa capacidade de atualizá-lo através das recordações; o amor não teria futuro se em nossos sonhos, não houvesse a imagem da promessa de que ele sempre se renova, sendo sempre novo.


Se o amor não pode existir para nós sem imagens, tampouco podemos compreender Deus sem fazer uma imagem dele. Como, então, poderíamos chamá-lo de Pai?


A vida também é feita de passagens e rituais de imagens: aniversário de 15 anos, festa de formatura, um anel no dedo, ou mesmo, o status de a marca de um jacaré na camisa. Mas há outras imagens, por exemplo: um profissional de saúde precisa usar uma bata branca; um juiz, uma peruca medieval. Tudo são imagens e vaidades (Ecl. 1,2). Essas imagens além de vaidades dizem aos outros um pouco de quem somos, do caráter que temos, do valor que damos às coisas e do papel que temos na sociedade.


Mas talvez devêssemos falar das imagens que são ídolos. Mas o que é um ídolo? Ídolo é toda imagem cuja importância é tamanha a ponto de indicar ou determinar nossas escolhas e nossa maneira de ser e de pensar. Nossos pais, nossos irmãos, professores, amigos, os livros que lemos e tudo o mais que enraízam a nossa vida são ídolos (Nietzsche em seu livro o Crepúsculo dos Ídolos nos mostra o peso dos ídolos que se perpetuam na tradição de nossa vida e nossos costumes). Por isso, o pecado da idolatria seria elevar essa imagem à figura de Deus.


O homem é um ser simbólico, formado por imagens que constroem sua vida e suas relações com os outros. Para fazer uso de ídolos, filósofos como Ernest Cassirer, sociólogos como Emile Durkheim e Mircea Elíade mostram a força dos ídolos em nós.


Imagens de Ferro, imagens ocas e IDOLATRIA


Há quem concorde que o homem é feito de imagens, mas dirá que o problema são as estátuas e pinturas católicas. Dirá, inclusive, ingenuamente e citando indevidamente às Sagradas Escrituras, que Deus proíbe imagens.


Deus para escrever as Escrituras, fez uso de imagens para explicar o mistério de seus desígnios (Cf. Gn 1), solicitou que pusessem imagens na Arca da Aliança. Será que Deus cuja palavra é uma só, mudou de idéia? Seria absurdo pensar assim. Deus se comove e se compadece, não tem duas palavras seja nos céus ou na terra.


Que beleza são as Escrituras pintadas por Michelangelo em Roma ou ícones ortodoxos, pintados em duas dimensões, sem perspectiva de profundidade, por que a profundidade que a imagem nos dá da fé, somos nós que damos.


A estátua, a medalha ou qualquer objeto que contenha a imagem de alguém não pode tomar o lugar de alguém. Entretanto, esses objetos podem contar histórias sobre quem é esse alguém e das virtudes desta pessoa, que não fossem as imagens já teriam sido esquecidas.


Essas imagens podem ser de ferro, sólidas, ou imagens ocas, vazias por dentro. O que torna uma imagem sólida ou oca é o sentido que damos a ela e o significado que ela toma em nossa vida. Imagens ocas são a nossa caridade vazia, por exemplo, usar a medalha de São Bento apenas porque achou bonita. Imagens sólidas são aquelas que fazem-nos sentir o desejo de nos aproximarmos mais de Deus e a mudar o que somos.


Idolatria é achar que qualquer imagem pode estar igual ou acima de Deus. (Cf.: Sb).

Não há quem se emocione ao ver a imagem de S. Francisco de Assis e relembrando seu exemplo, não o admire e diga: eis um homem cuja loucura o fez um melhor amante de Deus do que eu. As imagens nos catequizam, isto é, nos ensinam.


CULTO ÀS IMAGENS


A expressão ‘culto às imagens’ é craseada, por isso, não significa culto das imagens. Com isto, as imagens possuem apenas a função de direcionar e concentrar melhor a nossa atenção para a oração.


Na Igreja Católica, o culto às imagens dos santos é denominado de culto de dulia, ou seja, de veneração, de respeito pelas maravilhas que Deus fez em cada uma dessas pessoas. O Culto a Deus é infinitamente mais especial e exclusivo, denominado de culto de latria, isto é, de adoração.


Não podemos esquecer que a liturgia católica parte de imagens/ símbolos, acrescidos de gestos e palavras para comunicar as ações de Deus e transformar a realidade. Contudo, todos os gestos, palavras e ações são consumidos nos Sacramentos e transformados em realidade pela graça de Deus, aos olhos da nossa fé: o sinal da cruz diz a quem nos entregamos e porque estamos na missa, as vestes do padre indicam que ele agirá em nome de Cristo, as mãos impostas pelo sacerdote comunicam as bênçãos de Deus e a maior e mais sublime imagem tornada eficazmente realidade: o pão transformando-se em verdadeira carne e o vinho em verdadeira bebida.


Depois de tudo que dialogamos, deixo algumas reflexões: se o pão e o sangue de Cristo forem tomados apenas como imagens, como em algumas religiões, para fins apenas de congregar as pessoas, não seria este um culto às imagens? Usar no pescoço uma cruz com ou sem a figura do Cristo, não é um culto às imagens? Então, podemos rezar a Deus sem fazer uso de imagens?


Creio que catequese melhor sobre o culto às imagens faz Pe. Zezinho em sua canção.


IMAGENS

Não importa se esta imagem é a imagem verdadeira

Ou se não é

Para mim é indiferente se ela é cópia Ou se não é

Eu tenho fé

Tenho imagens lá em casa e não cometo idolatria Eu vejo a luz

Uma coisa é uma imagem

E outra coisa é a pessoa de Maria

Ou de Jesus

Imagens são sinais a me lembrar

Aonde Deus agiu

Imagens são sinais a me apontar

Por onde alguém seguiu

Imagens são apenas o que são :

sinais, sinais!




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Catequista leigo católico

© 2016 por Alan Dionizio. Orgulhosamente criado com Wix.com

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