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Pentecostes – O Discurso de Pedro

  • Alan Dionizio (Catequista leigo católico)
  • 17 de jun. de 2017
  • 8 min de leitura

O discurso de Pedro


1. Pedro com autoridade refuta o argumento da embriaguez.

At 1,

14.Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse: Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras.

15.Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto não ser ainda a hora terceira do dia.


É, então, que pela força do Espírito, Pedro (chefe do colegiado dos apóstolos e junto a eles) faz com que sua voz se irrompa entre a multidão. As palavras são dele, mas a atitude, o desejo é conjunto a todos os outros discípulos. Pedro, cheio do Espírito Santo, diante do fenômeno das Línguas de Fogo e do Falar em Línguas, ergue-se no meio do colégio dos apóstolos, unido a eles no pensamento e no coração pronuncia seu discurso. O texto bíblico ressalta a voz forte para destacar seu ímpeto, seu vigor e sua coragem em anunciar. Não há mais espaço para o medo de anunciar o Cristo. O Espírito Santo impele a Pedro e aos apóstolos a evangelizar e a profetizar.


“O Espírito é Espírito de Profecia; é a força que permite falar em nome de Deus e com a autoridade de Deus.” (Fr. Raniero Cantalamessa, p.46) (Cf. At 1,8; 1Pd 1,12; 4,11; 2Pd 1,21).

“Não é a minha palavra um martelo que quebra a rocha?, diz Deus (Jr 23,29). Certamente que o é, mas a “sua” palavra, a de Deus! A “sua palavra” não revela somente que se trata da palavra “que fala de Deus”; mas também de palavra de “Deus que fala”, que vem de Deus; palavra que tem Deus por sujeito, não só por objeto.” (Fr. Raniero Cantalamessa, p.49).

  • O Espírito Santo é aquele que “dá voz a palavra”, que põe no coração e na boca a Palavra a ser vivida (testemunhada) e anunciada (Cf.: Mt 10, 20; Jo 15,26s; At 1, 6-8). Somos bons cristãos pelo Espírito Santo que torna viva a Palavra em nossa vida; sem Ele, a palavra se torna ineficaz (Cf. Hb 4,12; 1Ts 2,13; Lc 21,15).

“A palavra é o lugar de encontro entre Deus e o homem.”. (Fr. Raniero Cantalamessa, p.61)

  • O Espírito Santo nos ajuda a Proclamar com coragem a Palavra de Deus

“O mundo tem necessidade de homens e mulheres que não estejam fechados, mas repletos de Espírito Santo. [...]. O mundo necessita da coragem, da esperança, da fé e da perseverança dos discípulos de Cristo. O mundo precisa dos frutos do Espírito Santo: ‘amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio.” (Papa Francisco).


2. Pedro recorda a profecia sobre o derramamento do Espírito Santo e seus sinais prodigiosos (profecias, visões).

At 1, 16.Mas cumpre-se o que foi dito pelo profeta Joel:

17.Acontecerá nos últimos dias - é Deus quem fala -, que derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo: profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas. Os vossos jovens terão visões, e os vossos anciãos sonharão.

18.Sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei naqueles dias do meu Espírito e profetizarão.

19.Farei aparecer prodígios em cima, no céu, e milagres embaixo, na terra: sangue fogo e vapor de fumaça.

20.O sol se converterá em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor.

21.E então todo o que invocar o nome do Senhor será salvo (Jl 3,1-5).


Pedro recorda que o fenômeno que está ocorrendo não é algo fantástico ou desconhecido. É antes o cumprimento da Palavra de Deus de resgatar o tempo em que as profecias, a intimidade com Deus. Tempo em que os projetos, sonhos eram sinônimo de vida nova junto a Deus. Tempo em que em nenhum lugar estaria isento do poder de Deus, seja no céu ou na terra. Mas um tempo que não é sinônimo de facilidade ou de tranquilidade. É um tempo de contradição, em que as trevas ameaçam encobrir a terra, contudo, não é o destino final. É o momento em que antecede a manifestação plena de Deus no mundo. A perseverança e a fidelidade ao Senhor são o testemunho de salvação.

Pedro, então, explica que é preciso ‘invocar o nome do Senhor’. O nome do Senhor é a certeza de sua presença, é a invocação de seu poder (Ex 3). Para invocar o Senhor, é preciso reconhecê-Lo, converter-se, ou seja, entregar-se a Ele a fim de fazer Sua vontade. Mas quem é o Senhor? Como podemos encontrá-Lo?

Este é também o motivo pelo qual a Profecia, enquanto dom do Espírito Santo está acima dos dons e milagres. Sem a Profecia, sem o anúncio, como pode haver fé? Sem o anúncio, como é possível se conhecer a palavra de Jesus Cristo, Nosso Senhor. (Rm 10, 13.14.17; 1Cor 9,16)


“Abri, Senhor, os meus lábios e minha boca anunciará vosso louvor.” (Sl 51,17)


3. Anúncio querigmático.


At 1,22.Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, homem de quem Deus tem dado testemunho diante de vós com milagres, prodígios e sinais que Deus por ele realizou no meio de vós como vós mesmos o sabeis,

23.depois de ter sido entregue, segundo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de ímpios.

24.Mas Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, porque não era possível que ela o retivesse em seu poder.

25.Pois dele diz Davi: Eu via sempre o Senhor perto de mim, pois ele está à minha direita, para que eu não seja abalado.

Interessante perceber que Pedro dirige-se a multidão por “israelitas”, o povo eleito. Pentecostes não restringe o derramamento do Espírito e anúncio a um povo, antes une todos os povos numa grande Israel. Pentecostes não se limita mais a uma unidade geográfica.

Igualmente, Pedro revela que o evento de Pentecostes não está distante dos acontecimentos de Jesus Cristo (paixão, morte e ressurreição), antes, é em razão destes. É seu pleno cumprimento.

Em Pedro, Jesus é o justo crucificado injustamente pelos homens, mas exaltado por Deus, não está sob o poder da morte, ele ressuscitou. E, resgatando as palavras do rei amado por Deus, David, Pedro aponta e inicia seu testemunho de que Jesus Cristo é também Senhor, possui igual dignidade divina, pois está à direita de Deus. E devemos recordar que só pela revelação do Espírito Santo, Pedro é capaz de dizer Jesus é o Messias, o Senhor (1 Cor 12,3; Mt 16,17).


At 1, 26.Alegrou-se por isso o meu coração e a minha língua exultou. Sim, também a minha carne repousará na esperança,

27.pois não deixarás a minha alma na região dos mortos, nem permitirás que o teu santo conheça a corrupção.

28.Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, e me encherás de alegria com a visão de tua face (Sl 15,8-11).

29.Irmãos, seja permitido dizer-vos com franqueza: do patriarca Davi dizemos que morreu e foi sepultado, e o seu sepulcro está entre nós até o dia de hoje.

30.Mas ele era profeta e sabia que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes seria colocado no seu trono.

31.É, portanto, a ressurreição de Cristo que ele previu e anunciou por estas palavras: Ele não foi abandonado na região dos mortos, e sua carne não conheceu a corrupção.

32.A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas.


Ainda no anúncio querigmático, Pedro ressalta que na História da Salvação (desde o Antigo Testamento) não há outro capaz de ser Senhor. Reforça, portanto, a humanidade e divindade de Cristo. Culmina nesta parte o centro da pregação apostólica: a Ressurreição de Cristo como sinal e certeza de nossa esperança, isto é, de que nós também ressuscitaremos. Mas a Ressurreição de Cristo é ainda o resgate da promessa, do ser humano, a consumação da aliança feita no Antigo Testamento. A Ressurreição é o ápice da vida de Cristo e de todo cristão, de modo que se pode dizer: Não há vida sem cruz, assim como não há vida sem ressurreição. Mas a ressurreição não é mérito do homem, mas é dom de Deus que acolhe a oferta amorosa de Jesus Cristo, Nosso Senhor. Seja no dia-a-dia ou no encontro definitivo, a ressurreição é o centro da pregação cristã, é a afirmação de que a vida está acima da morte, e que a vida sendo dom de Deus está submetida a Ele. Essa é a nossa esperança. Somos de Deus que cuida de nosso viver.

At 1,33.Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito Santo prometido, derramou-o como vós vedes e ouvis.

34.Pois Davi pessoalmente não subiu ao céu, todavia diz: O Senhor disse a meu Senhor: Senta-te à minha direita

35.até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés (Sl 109,1).

36.Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo.


Podemos dizer que o querigma de Cristo passa a ser: paixão, morte, ressurreição de Jesus e Pentecostes.

Segue o resumo e fechamento da terceira parte do discurso de Pedro: Jesus Cristo é Deus e Senhor. Nenhum dos patriarcas, profetas ou reis da antiga aliança alcançou as alturas de Cristo. Jesus é o Filho que pela obediência é o herdeiro perfeito do Pai, daquele que o Pai pode dizer: "Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu." (Lc 15,31). Por isso Jesus recebe do Pai, seu maior Dom, o Espírito Santo, o Amor de Deus e pode derramá-Lo ao mundo.

Pedro indica ainda que o Espírito Santo vem para dar testemunho de Jesus, para que todos o conheçam como soberano.

Jesus já havia dito que o Espírito Santo quando nos fosse enviado não viria para falar de si mesmo (Cf. Jo 16,13). Por quê? Por duas razões:

  • 1. Tudo que Deus quis nos falar, o fez por meio de seu Filho, Jesus Cristo. Ele é a Palavra de Deus (Cf. Jo 1,14). Não há outra antes ou depois dEle. Para saber o que Deus quer de nós, como quer participar da nossa vida, só é preciso olhar para Jesus. Ele é o caminho.

  • 2. Não há outro que o Espírito Santo nos mostre senão Jesus. A Verdade é Jesus. E o Espírito é o Espírito da Verdade.


4. O Saldo do Discurso.

At 1,37.Ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais apóstolos: Que devemos fazer, irmãos?

38.Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.

39.Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus.

40.Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: Salvai-vos do meio dessa geração perversa!

41.Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número dos adeptos.


As Palavras de Pedro pelo Espírito Santo tem a mesma força daquelas de Jesus Ressuscitado, como lembravam os discípulos de Emaús (Não ardia o nosso coração quando Ele nos falava (cf.: Lc 24)). A Palavra em Pedro alcança os corações daqueles que se dispuseram a ouvir. A fé vem pelo ouvir (Rm 10, 17; Dt 6,4; 1Sm 3,10).


O coração aberto é sinal da disponibilidade, docilidade das pessoas ao Espírito Santo (que devemos fazer?).

Pedro, então, pode convidar à conversão da vida através do arrependimento e do batismo (confirmação do seguimento a Jesus).

Estes batizados recebem o Espírito Santo. Mas atenção: O Espírito de Pentecostes não é dado nem permanece em qualquer pessoa, mas a quem crê em Jesus Cristo (Cf. Gl 3,2b.14). Por quê? Podemos afirmar que sem conhecer a Jesus Cristo, não nos tornamos testemunhas, não sabemos reconhecer e transformar claramente a nossa vida interior e comunitária conforme a vontade de Deus.

E mesmo diante de tanta força no anúncio, a conversão ainda permanece um convite para os ouvintes, "salvai-vos". Não é um peso ou uma obrigação em face do poder de Deus manifestado. Deus não faz terrorismo.


O saldo do discurso de Pedro com a força do Espírito Santo derramado é positivo (três mil pessoas). Interessante. É uma multidão, mas o escritor bíblico não diz ‘todos se converteram’, ou mesmo que foi a maioria das pessoas. Ainda há trabalho a fazer, a anunciar, nem todos são dóceis.


Rezemos, portanto, para que o Espírito Santo venha no nosso coração, na Paróquia, na Comunidade.

Diz o Papa Francisco que se “é preciso abrir o coração ao espírito Santo para testemunhar Jesus. Mas quem tem as chaves? As chaves do coração é um dom. Então, digamos, ó Senhor, abre-me o coração para que o Espírito entre, para que eu entenda que Jesus é o Senhor.”.



Catequista leigo católico

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